João Mascarenhas - Empenho Total
Já praticou triatlo mas agora empenha-se todos os dias para que os seus atletas tenham o melhor e, isso vê-se nos resultados dos seus atletas do Núcleo Sportinguista da Golegã e, anteriormente, no Clube Natação do Tejo.
No passado dia 8 de Novembro esteve presente na Gala do Desporto da Confederação de Desporto de Portugal, onde esteve nomeado como um dos 5 melhores treinadores do ano.
TriNews: Apesar de não teres ganho o prémio na gala ficaste satisfeito por teres ficado entre os 5 melhores treinadores do ano?
João Mascarenhas: Claro que sim. Sinceramente não queria ganhar. Cá dentro ainda não me sinto merecedor de vencer. Mas sinto-me muito orgulhoso por estar nos 5 finalistas. Quero estar muito mais vezes mas isso não me diz nada se não tiver o reconhecimento dos meus atletas, se não tiver sentido que de facto nesse ano pus uma série deles de sorriso nos lábios contentes com o que fizeram. Se for no cimo do pódio melhor ainda! Mas o que me motiva mesmo é o dia a dia de balneário. É o dia a dia em que me colocam 1000 problemas e desafios e desabafam comigo coisas que são problemas a ultrapassarmos juntos e noutras tantas vezes se tornam pontos de situação em que reparamos no quanto melhorámos e eles se sentem tão melhores e mais capazes. Já estava satisfeito com a nossa equipa antes da nomeação e não ia ser uma pessoa diferente no dia seguinte caso tivesse ganho. Um atleta e um treinador têm de ter um ingrediente essencial: muita SM – muita Self Motivation.
TN: Acreditas que, se o triatlo tivesse tanta visibilidade como o futebol, terias ganho o prémio?
JM: Talvez seja mais fácil para um treinador de futebol vencer o prémio. Mas senti naquela sala que já há muito mais espaço para que os nossos triatletas, nadadores, ciclistas, surfista e atletas fantásticos de tantas outras modalidades sejam capas de revistas, apareçam nos programas de tv, sejam convidados, sejam figuras públicas ou até que apareçam nas caixas de cereais de pequeno almoço! Falta mudar mentalidades de jornalistas, directores de jornal, directores de equipas.. penso que o público já começou a pedir isso e em breve vamos pelo menos substituir notícias de detalhes ridículos em torno do jogo de futebol, por notícias de real valor relativamente a outras modalidades.
TN: Qual foi a sensação quando soubeste que estavas nomeado para melhor treinador do ano?
JM: Sinceramente nem me lembrava das nomeações para a Gala do Desporto. Foi uma surpresa enorme quando recebi esta notícia e senti-me extremamente feliz e orgulhoso pela nossa equipa. Esta nomeação não é obviamente minha. Eu sou apenas o líder desta equipa, e posso dizer que tenho a sorte de trabalhar com um grupo de pessoas fantástico, que ainda é da geração de portugueses que descobriu novos continentes e estabeleceu novas rotas comerciais para outros países. Quando Portugal era líder do mundo a única diferença é que sabíamos que éramos capazes. Agora também somos! Basta sonhar, planear, controlar e trabalhar! Por isso cada um dos nossos atletas tem de receber a confiança de que pode sonhar que irá ter quem o ajude a alcançar o que pretende. E obrigamos todos a fazer isso dentro de um plano de vida que não tenha o desporto como único factor nem como factor que elimina os outros. Julgo que o modelo tem resultado e nesta linha não pensava em nomeações mas apenas em realizar o que sonhávamos ser capazes.
Ganhar algo aqui na equipa não é um sentimento de superioridade. É uma realização apenas. Sentimo-nos orgulhosos, felizes mas nunca superiores ou melhores do que aqueles a quem ganhámos. Quando recebi a notícia senti apenas isso.. um orgulho enorme que do lado de fora as pessoas tenham apreciado o trabalho que tivemos em atingir alguns resultados que no início da época pareciam inalcançáveis, com um contexto extremamente complicado em termos financeiros, logísticos, materiais.. Foi bom sentir esse reconhecimento para com o nosso grupo pois tivemos de facto de ser muito unidos e empenhados na nossa missão.
TN: Conseguiste criar uma equipa com jovens atletas que em 2 anos conseguiram obter resultados relevantes e, 2 deles, conseguiram mesmo serem chamados à Selecção.
JM: Posso dizer que no início do ano não projectámos os resultados de forma tão optimista. Mas eles ainda estão muito no início! Contem com eles para andar ao lado dos manos Brownlee! É com isso que sonham e que têm em mente todos os dias! Este foi só o ano 0. Tenho um grupo de atletas quase sem experiência desportiva anterior, especialmente com carências enormes em termos de natação, e que está a iniciar o seu percurso desportivo. O Rafael Domingos ou o Diogo Rosa por exemplo tivemos de lhes ensinar praticamente a nadar já com 14 – 15 anos. Por estas razões estabelecemos objectivos em termos de treino, e planeámos a 8 anos o que pretendemos como carreira – desportiva, escolar, etc. Preocupámo-nos por isso essencialmente em continuar a estruturar estes atletas para poderem evoluir mais à frente. O trabalho do ano passado foi de base para que eles possam atingir o que querem daqui a uns anos. Sabíamos porém que se corresse tudo dentro do planeado poderíamos sonhar em estar nos primeiros lugares dos escalões deles. Mas não era objectivo.. Não podia esquecer que eles iam ter um mundo novo para gerir num ambiente de alta competição e especialmente psicologicamente tive também de os preparar para isso. Mas temos de respeitar a evolução natural de cada atleta para que não se sintam frustrados e para que absorvam os conhecimentos próprios de cada fase da forma correcta. Uma das melhores sensações que podemos ter é estarmos numa grande competição e sentirmo-nos confiantes e em controle do que aí vem. Aqui no NSCGolegã o dia de prova é o melhor dia, temos de nos divertir em competição!
Mas estes atletas foram soberbos. São muito empenhados e como temos um grupo excelente de trabalho, com o apoio também dos mais velhos que lhes passam muito conhecimento, como absorveram bem algumas posturas que considero essenciais para se ter sucesso e principalmente… porque se apaixonaram pela modalidade! Essa foi a chave para o que já atingiram. Mas como disse este foi um ano 0. Contem com o Pedro Gaspar ou o João Ferreira por exemplo para nos darem muitas alegrias na selecção nacional.
JM: Sinceramente nem me lembrava das nomeações para a Gala do Desporto. Foi uma surpresa enorme quando recebi esta notícia e senti-me extremamente feliz e orgulhoso pela nossa equipa. Esta nomeação não é obviamente minha. Eu sou apenas o líder desta equipa, e posso dizer que tenho a sorte de trabalhar com um grupo de pessoas fantástico, que ainda é da geração de portugueses que descobriu novos continentes e estabeleceu novas rotas comerciais para outros países. Quando Portugal era líder do mundo a única diferença é que sabíamos que éramos capazes. Agora também somos! Basta sonhar, planear, controlar e trabalhar! Por isso cada um dos nossos atletas tem de receber a confiança de que pode sonhar que irá ter quem o ajude a alcançar o que pretende. E obrigamos todos a fazer isso dentro de um plano de vida que não tenha o desporto como único factor nem como factor que elimina os outros. Julgo que o modelo tem resultado e nesta linha não pensava em nomeações mas apenas em realizar o que sonhávamos ser capazes.
Ganhar algo aqui na equipa não é um sentimento de superioridade. É uma realização apenas. Sentimo-nos orgulhosos, felizes mas nunca superiores ou melhores do que aqueles a quem ganhámos. Quando recebi a notícia senti apenas isso.. um orgulho enorme que do lado de fora as pessoas tenham apreciado o trabalho que tivemos em atingir alguns resultados que no início da época pareciam inalcançáveis, com um contexto extremamente complicado em termos financeiros, logísticos, materiais.. Foi bom sentir esse reconhecimento para com o nosso grupo pois tivemos de facto de ser muito unidos e empenhados na nossa missão.
TN: Conseguiste criar uma equipa com jovens atletas que em 2 anos conseguiram obter resultados relevantes e, 2 deles, conseguiram mesmo serem chamados à Selecção.
JM: Posso dizer que no início do ano não projectámos os resultados de forma tão optimista. Mas eles ainda estão muito no início! Contem com eles para andar ao lado dos manos Brownlee! É com isso que sonham e que têm em mente todos os dias! Este foi só o ano 0. Tenho um grupo de atletas quase sem experiência desportiva anterior, especialmente com carências enormes em termos de natação, e que está a iniciar o seu percurso desportivo. O Rafael Domingos ou o Diogo Rosa por exemplo tivemos de lhes ensinar praticamente a nadar já com 14 – 15 anos. Por estas razões estabelecemos objectivos em termos de treino, e planeámos a 8 anos o que pretendemos como carreira – desportiva, escolar, etc. Preocupámo-nos por isso essencialmente em continuar a estruturar estes atletas para poderem evoluir mais à frente. O trabalho do ano passado foi de base para que eles possam atingir o que querem daqui a uns anos. Sabíamos porém que se corresse tudo dentro do planeado poderíamos sonhar em estar nos primeiros lugares dos escalões deles. Mas não era objectivo.. Não podia esquecer que eles iam ter um mundo novo para gerir num ambiente de alta competição e especialmente psicologicamente tive também de os preparar para isso. Mas temos de respeitar a evolução natural de cada atleta para que não se sintam frustrados e para que absorvam os conhecimentos próprios de cada fase da forma correcta. Uma das melhores sensações que podemos ter é estarmos numa grande competição e sentirmo-nos confiantes e em controle do que aí vem. Aqui no NSCGolegã o dia de prova é o melhor dia, temos de nos divertir em competição!
Mas estes atletas foram soberbos. São muito empenhados e como temos um grupo excelente de trabalho, com o apoio também dos mais velhos que lhes passam muito conhecimento, como absorveram bem algumas posturas que considero essenciais para se ter sucesso e principalmente… porque se apaixonaram pela modalidade! Essa foi a chave para o que já atingiram. Mas como disse este foi um ano 0. Contem com o Pedro Gaspar ou o João Ferreira por exemplo para nos darem muitas alegrias na selecção nacional.
TN: É dificil ver que eles te deixam e vão ser treinados por outro treinador com outros métodos?
JM: Não! Não vejo as coisas desse modo. Quero o que seja o melhor para eles. Um treinador não pode pensar assim. Uma pessoa nunca pode ser um bem comum. Apenas continuo a estar nas costas deles, a apoiar noutras áreas que não o treino. Continuo a fazer sentir que estou lá se precisarem, a trabalhar em conjunto com os treinadores da selecção nacional quando estes assim entendam. Estou na modalidade para a servir. Obviamente que é a minha profissão e tenho de ter benefícios com isso mas o essencial para mim é que gosto imenso do que faço. Os atletas que vão para o CAR continuam a ter a mesma relação comigo. Profissional e de amizade. E realço a postura que o seleccionador nacional tem tido em manter a relação com os treinadores anteriores, facilitando uma adaptação do trabalho dele aos novos atletas. Com os resultados internacionais que o triatlo tem tido, e ainda sem a Vanessa completamente recuperada, temos de confiar no que está a ser feito e alimentar a nossa selecção de motivação e força. Foi um ano record em termos de medalhas e para mais.. medalhas que julgávamos impensáveis… até chorei a ver o João Silva em Yokohama a desafiar todo um pelotão e a vencer. Num ano de crise a todos os níveis conseguiram-se feitos excepcionais!
TN: A maioria dos atletas treinados por ti ainda estão na escola a estudar. Como consegues que eles conciliem os treinos com os estudos?
JM: Um atleta de sucesso é sempre uma pessoa diferente. Tem capacidades excepcionais. E óbvio que raramente são apenas físicas. Como sou professor cruzo com uma variedade imensa de jovens e pessoas. Habituei-me a analisar e compreender o brilho que cada um tem nos olhos ou a descobrir a razão pela qual não tem brilho. Como pode um jovem não estar motivado para a escola? Vai ser o que define a sua vida por muitos anos. E não faz sentido um jovem que trabalhe imenso no treino mas que depois não tem a mesma postura nos estudos. A questão é motivacional quase sempre e de falta de métodos noutras tantas vezes. Ambos são treináveis. Basta fazê-los pensar no que desejam e construir um cenário da sua vida com a sua decisão. Depois há aulas chatas, professores chatos.. tem de se encarar como aquela prova em que está um temporal dos diabos.. Ninguém gosta mas tem de se fazer.. Então faz-se para sermos os melhores a reagir às piores situações!
A nossa capitã de equipa, Ana Ferreira, teve 20 no exame nacional de matemática e entrou para medicina. É um exemplo que os mais novos seguem pois é uma pessoa que adoram, que é uma referência em tudo, que tem bons resultados na natação.. Passam a preferir ser como ela a ser como o baldas lá da turma que não tem sucesso em nada mas que achamos piada. Temos aqui no clube mais uns 8 atletas do quadro de honra das suas escolas e outros tantos na universidade. O treino tem sempre de se adaptar pois eles não podem hipotecar a vida em torno do triatlo. Nuns casos vale a pena perder uns anos para ganhar mais algumas provas, noutros não. O atleta tem é de ter na cabeça o seu plano e compreender porque o resultado foi melhor ou pior. Mas na maioria dos casos é possível eles conciliarem as coisas sem grandes cedências de uma área para a outra.
JM: Não! Não vejo as coisas desse modo. Quero o que seja o melhor para eles. Um treinador não pode pensar assim. Uma pessoa nunca pode ser um bem comum. Apenas continuo a estar nas costas deles, a apoiar noutras áreas que não o treino. Continuo a fazer sentir que estou lá se precisarem, a trabalhar em conjunto com os treinadores da selecção nacional quando estes assim entendam. Estou na modalidade para a servir. Obviamente que é a minha profissão e tenho de ter benefícios com isso mas o essencial para mim é que gosto imenso do que faço. Os atletas que vão para o CAR continuam a ter a mesma relação comigo. Profissional e de amizade. E realço a postura que o seleccionador nacional tem tido em manter a relação com os treinadores anteriores, facilitando uma adaptação do trabalho dele aos novos atletas. Com os resultados internacionais que o triatlo tem tido, e ainda sem a Vanessa completamente recuperada, temos de confiar no que está a ser feito e alimentar a nossa selecção de motivação e força. Foi um ano record em termos de medalhas e para mais.. medalhas que julgávamos impensáveis… até chorei a ver o João Silva em Yokohama a desafiar todo um pelotão e a vencer. Num ano de crise a todos os níveis conseguiram-se feitos excepcionais!
TN: A maioria dos atletas treinados por ti ainda estão na escola a estudar. Como consegues que eles conciliem os treinos com os estudos?
JM: Um atleta de sucesso é sempre uma pessoa diferente. Tem capacidades excepcionais. E óbvio que raramente são apenas físicas. Como sou professor cruzo com uma variedade imensa de jovens e pessoas. Habituei-me a analisar e compreender o brilho que cada um tem nos olhos ou a descobrir a razão pela qual não tem brilho. Como pode um jovem não estar motivado para a escola? Vai ser o que define a sua vida por muitos anos. E não faz sentido um jovem que trabalhe imenso no treino mas que depois não tem a mesma postura nos estudos. A questão é motivacional quase sempre e de falta de métodos noutras tantas vezes. Ambos são treináveis. Basta fazê-los pensar no que desejam e construir um cenário da sua vida com a sua decisão. Depois há aulas chatas, professores chatos.. tem de se encarar como aquela prova em que está um temporal dos diabos.. Ninguém gosta mas tem de se fazer.. Então faz-se para sermos os melhores a reagir às piores situações!
A nossa capitã de equipa, Ana Ferreira, teve 20 no exame nacional de matemática e entrou para medicina. É um exemplo que os mais novos seguem pois é uma pessoa que adoram, que é uma referência em tudo, que tem bons resultados na natação.. Passam a preferir ser como ela a ser como o baldas lá da turma que não tem sucesso em nada mas que achamos piada. Temos aqui no clube mais uns 8 atletas do quadro de honra das suas escolas e outros tantos na universidade. O treino tem sempre de se adaptar pois eles não podem hipotecar a vida em torno do triatlo. Nuns casos vale a pena perder uns anos para ganhar mais algumas provas, noutros não. O atleta tem é de ter na cabeça o seu plano e compreender porque o resultado foi melhor ou pior. Mas na maioria dos casos é possível eles conciliarem as coisas sem grandes cedências de uma área para a outra.
TN: E os pais que papel têm nas actividades que realizas com os atletas?
JM: Os pais são fundamentais. Todo o processo de treino tem de ser estabelecido em estrita relação com os pais e temos todos de trabalhar em conjunto na gestão das motivações, na antecipação dos problemas que os atletas vão tendo e na análise da forma como eles vivem as várias coisas que acontecem na sua carreira. Outro aspecto muito importante é compreendermos muito bem o equilíbrio dos atletas nas áreas sociais, psicológicas… e ninguém melhor para isso do que os pais. O treinador leva sempre a pessoa aos limites.. Pelo menos eu levo (risos).. E os pais são essenciais para compreendermos se está tudo em equilíbrio ou se estamos a criar algum desajuste naquela pessoa que estamos a treinar. O desporto é apenas um dos factores da sua vida, no nosso caso muitas vezes um dos essenciais, mas isto tem de ser muito bem equilibrado para a pessoa estar feliz. Alguns dos jovens perguntam muitas vezes como é possível um atleta não estar motivado ou desistir de uma modalidade numa altura que ganhava tudo. É bem possível e a resposta está na falta de respeito pelo seu equilíbrio. Por vezes mesmo com o máximo cuidado isso acontece, quanto mais se desprezarmos o trabalho em conjunto com os pais.
Normalmente tornamos as situações de prova e treino abertas aos pais pois é um dia que se torna uma óptima ocasião de família e que também possibilita os pais a apoiarem os filhos e a darem o que o treinador tem menos espaço para dar e que é aquela atenção e carinho da mãe e do pai. Alguns pais têm de ser ensinados pois são antes um foco de stress e pressão mas rapidamente compreendem e passam a ser mais um factor de sucesso para a pessoa.
TN: Foste atleta antes de seres treinador. Sentiste dificuldades na transição de atleta para treinador? O processo foi longo?
JM: Ainda tenho alguma dificuldade a lidar com isso! Ainda tenho um grande apelo interior para competir.. Sou uma pessoa muito melhor quando treino regularmente. Mas sempre gostei muito de treinar e habituei-me a um grande número de horas diárias de treino e neste momento não temos estrutura no clube para que eu possa dedicar algum tempo em treino próprio. Mas sempre que posso faço umas brincadeiras. Ainda tenho é aquela responsabilidade e não consigo ir a uma prova sem estar minimamente satisfeito com a minha preparação. Este ano talvez vá com um grupo de atletas ao Campeonato do Mundo de Longa Distância em Vitória mas ainda nem sei se terei esse fim de semana disponível pelo que fica complicado estruturar o meu próprio plano de preparação.. Quando for veterano volto a competir! (risos)
Não foi complicado até porque lembro-me que aos 16 anos fui logo eleito treinador-atleta da minha equipa de canoagem. Uma experiência muito gira para um miúdo.. Gerir um grupo de uns 15 outros miúdos (risos). Lembro que passados dois anos, no dia que tirei a carta de condução me passaram um carro para as mãos carregado de barcos e miúdos e me mandaram para Amarante que eu nem sabia onde era, para podermos fazer uma prova. Cresci muito à custa disso e são alturas de muitas aventuras, mas rapidamente me passei a preocupar mais com a carreira desportiva dos outros do que com a minha.
JM: Os pais são fundamentais. Todo o processo de treino tem de ser estabelecido em estrita relação com os pais e temos todos de trabalhar em conjunto na gestão das motivações, na antecipação dos problemas que os atletas vão tendo e na análise da forma como eles vivem as várias coisas que acontecem na sua carreira. Outro aspecto muito importante é compreendermos muito bem o equilíbrio dos atletas nas áreas sociais, psicológicas… e ninguém melhor para isso do que os pais. O treinador leva sempre a pessoa aos limites.. Pelo menos eu levo (risos).. E os pais são essenciais para compreendermos se está tudo em equilíbrio ou se estamos a criar algum desajuste naquela pessoa que estamos a treinar. O desporto é apenas um dos factores da sua vida, no nosso caso muitas vezes um dos essenciais, mas isto tem de ser muito bem equilibrado para a pessoa estar feliz. Alguns dos jovens perguntam muitas vezes como é possível um atleta não estar motivado ou desistir de uma modalidade numa altura que ganhava tudo. É bem possível e a resposta está na falta de respeito pelo seu equilíbrio. Por vezes mesmo com o máximo cuidado isso acontece, quanto mais se desprezarmos o trabalho em conjunto com os pais.
Normalmente tornamos as situações de prova e treino abertas aos pais pois é um dia que se torna uma óptima ocasião de família e que também possibilita os pais a apoiarem os filhos e a darem o que o treinador tem menos espaço para dar e que é aquela atenção e carinho da mãe e do pai. Alguns pais têm de ser ensinados pois são antes um foco de stress e pressão mas rapidamente compreendem e passam a ser mais um factor de sucesso para a pessoa.
TN: Foste atleta antes de seres treinador. Sentiste dificuldades na transição de atleta para treinador? O processo foi longo?
JM: Ainda tenho alguma dificuldade a lidar com isso! Ainda tenho um grande apelo interior para competir.. Sou uma pessoa muito melhor quando treino regularmente. Mas sempre gostei muito de treinar e habituei-me a um grande número de horas diárias de treino e neste momento não temos estrutura no clube para que eu possa dedicar algum tempo em treino próprio. Mas sempre que posso faço umas brincadeiras. Ainda tenho é aquela responsabilidade e não consigo ir a uma prova sem estar minimamente satisfeito com a minha preparação. Este ano talvez vá com um grupo de atletas ao Campeonato do Mundo de Longa Distância em Vitória mas ainda nem sei se terei esse fim de semana disponível pelo que fica complicado estruturar o meu próprio plano de preparação.. Quando for veterano volto a competir! (risos)
Não foi complicado até porque lembro-me que aos 16 anos fui logo eleito treinador-atleta da minha equipa de canoagem. Uma experiência muito gira para um miúdo.. Gerir um grupo de uns 15 outros miúdos (risos). Lembro que passados dois anos, no dia que tirei a carta de condução me passaram um carro para as mãos carregado de barcos e miúdos e me mandaram para Amarante que eu nem sabia onde era, para podermos fazer uma prova. Cresci muito à custa disso e são alturas de muitas aventuras, mas rapidamente me passei a preocupar mais com a carreira desportiva dos outros do que com a minha.
TN: Também tiveste uma breve passagem como treinador da Selecção de Juvenis em 2010. Queres explicar porque decidiste não continuar?
JM: Considero que a FTP tem neste momento um conjunto de pessoas extremamente competentes que formam uma equipa que a torna uma federação referência no país. Tanto a nível de arbitragem, de dirigentes, de técnicos, de logísticos, etc. As pessoas chegam, fazem a prova e vão embora e talvez não reparem no trabalho da equipa que monta toda aquela estrutura, que a desmonta e que viaja pelo país o ano inteiro. Conheço algumas dessas pessoas e posso dizer que gostam mesmo da modalidade e que fazem o possível para termos provas de grande qualidade. E isto é só um exemplo porque em todas as áreas a Federação está bem servida. Por vezes de fora não se tem a noção da ginástica que é necessário fazer hoje em dia para mantermos o que se fazia há uns anos. O governo fez cortes imensos e a federação tem sido incansável para manter o possível do funcionamento. Como lido com outras federações tenho termo de comparação e posso dizer que estamos bem inseridos no grupo da frente.
A razão da minha não continuidade prendeu-se apenas com a opção: NSCGolegã ou FTP. Tendo de optar não fui capaz de abandonar a minha equipa numa altura em que não teria a mínima sustentabilidade com a minha saída. Tenho um pacto com os meus atletas.. a vida não é só dinheiro e ficaria eternamente arrependido de os abandonar nesta altura. Se lhes digo para não desistirem dos seus sonhos também eu tenho de dar o exemplo. O nosso clube ainda não é um sonho mas vou torná-lo realidade!
TN: E tens em mente algum objectivo como treinador? Como ser treinador da Selecção de Triatlo de Elite?
JM: Para já não pretendo ser treinador de selecção. Quero apenas criar bases no NSCGolegã para podermos ter uma equipa auto-sustentável e com novos valores para a modalidade a saírem todos os anos para as selecções nacionais. Quero ser responsável por uma equipa referência tanto na natação como no triatlo mas isso vai levar alguns anos. De momento não temos escola de natação e temos alguns aspectos a melhorar. Quero também manter o que temos este ano com uma série de veteranos e seniores em competição. Iniciamos a época com 80 triatletas filiados e queremos manter esta família. Os treinos são de uma riqueza social enorme e há uma excelente relação entre as gerações. Posso dizer que o meu modelo de treinador é Sir Alex Ferguson..
Muito obrigado pelo vosso trabalho na divulgação da modalidade e votos de que em 2012 façamos todos juntos mais uma época record para o triatlo nacional, quem sabe com o hino em Londres!!
JM: Considero que a FTP tem neste momento um conjunto de pessoas extremamente competentes que formam uma equipa que a torna uma federação referência no país. Tanto a nível de arbitragem, de dirigentes, de técnicos, de logísticos, etc. As pessoas chegam, fazem a prova e vão embora e talvez não reparem no trabalho da equipa que monta toda aquela estrutura, que a desmonta e que viaja pelo país o ano inteiro. Conheço algumas dessas pessoas e posso dizer que gostam mesmo da modalidade e que fazem o possível para termos provas de grande qualidade. E isto é só um exemplo porque em todas as áreas a Federação está bem servida. Por vezes de fora não se tem a noção da ginástica que é necessário fazer hoje em dia para mantermos o que se fazia há uns anos. O governo fez cortes imensos e a federação tem sido incansável para manter o possível do funcionamento. Como lido com outras federações tenho termo de comparação e posso dizer que estamos bem inseridos no grupo da frente.
A razão da minha não continuidade prendeu-se apenas com a opção: NSCGolegã ou FTP. Tendo de optar não fui capaz de abandonar a minha equipa numa altura em que não teria a mínima sustentabilidade com a minha saída. Tenho um pacto com os meus atletas.. a vida não é só dinheiro e ficaria eternamente arrependido de os abandonar nesta altura. Se lhes digo para não desistirem dos seus sonhos também eu tenho de dar o exemplo. O nosso clube ainda não é um sonho mas vou torná-lo realidade!
TN: E tens em mente algum objectivo como treinador? Como ser treinador da Selecção de Triatlo de Elite?
JM: Para já não pretendo ser treinador de selecção. Quero apenas criar bases no NSCGolegã para podermos ter uma equipa auto-sustentável e com novos valores para a modalidade a saírem todos os anos para as selecções nacionais. Quero ser responsável por uma equipa referência tanto na natação como no triatlo mas isso vai levar alguns anos. De momento não temos escola de natação e temos alguns aspectos a melhorar. Quero também manter o que temos este ano com uma série de veteranos e seniores em competição. Iniciamos a época com 80 triatletas filiados e queremos manter esta família. Os treinos são de uma riqueza social enorme e há uma excelente relação entre as gerações. Posso dizer que o meu modelo de treinador é Sir Alex Ferguson..
Muito obrigado pelo vosso trabalho na divulgação da modalidade e votos de que em 2012 façamos todos juntos mais uma época record para o triatlo nacional, quem sabe com o hino em Londres!!